A Importância da Psicóloga e do Psicólogo nas Quebradas

Hoje é Dia da Psicóloga, e num mundo que suga nossa mente e corpo, esses profissionais viram trincheira de resistência: ajudam a gente a se entender, se fortalecer e não enlouquecer no caos. Dê uma conferida no nosso texto.

BLOGHISTORIADIA A DIA

FAVELADO PENSANTE

8/27/20253 min read

A Importância da Psicóloga e do Psicólogo nas Quebradas

Vivemos em um tempo onde parece que a cabeça da gente nunca tem descanso. O capitalismo aperta sem dó, espreme nosso corpo no corre diário e massacra nossa mente com cobranças, pressão, comparação e frustrações. É trampo, é conta, é política suja, é violência, é intolerância. E no meio disso tudo ainda tem gente que insiste em nos colocar uns contra os outros. Resultado: cada vez mais estamos, sem rodeio, fodidos da cabeça.

É aí que entra a importância da psicóloga e do psicólogo.

Esses profissionais não são “luxo”, não são “frescura” e muito menos “besteira de quem não tem problema real”. Psicologia é sobrevivência. A psicóloga, com a sensibilidade de ouvir e entender, e o psicólogo, com a paciência de ajudar a montar o quebra-cabeça que somos, se tornam essenciais para que possamos continuar caminhando. Eles nos ajudam a identificar os gatilhos que aparecem todo dia: o chefe que humilha, o racismo na fila, a comparação cruel nas redes sociais, a exclusão por não ter um celular de última geração, a homofobia que corta o peito, o machismo que violenta. Situações que não são pequenas, mas sim pedradas que, sem cuidado, viram muralha dentro da mente.

Um pouco de história

A psicologia não nasceu ontem. O chamado “pai da psicologia” é Wilhelm Wundt, que em 1879 criou o primeiro laboratório de psicologia na Universidade de Leipzig, Alemanha. Foi ele quem começou a tratar a mente como ciência, não só como filosofia ou religião. Mas não dá pra falar de psicologia sem falar também das mulheres que abriram portas e mostraram que essa ciência não tinha gênero. Uma dessas pioneiras foi Margaret Floy Washburn, a primeira mulher a conquistar um doutorado em Psicologia nos Estados Unidos, em 1894, na Universidade Cornell. Em um tempo em que mulher nem podia sonhar em ter voz em ciência, ela abriu caminho para milhares que vieram depois.

Outro marco histórico foi a atuação de psicólogos e psicólogas em tempos de guerra. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, a psicologia foi fundamental para tratar soldados traumatizados pelo que viam no campo de batalha. Mais do que isso: psicólogas ajudaram a criar métodos de triagem que decidiram missões, estratégias e até evitaram colapsos de exércitos inteiros. Ou seja: a psicologia já salvou vidas em escala global.

A realidade dura da nossa juventude

Agora, pensa comigo: se nós, adultos, que já estamos calejados, sentimos esse peso diário, imagina os adolescentes? Uma geração bombardeada por informação, comparação e cobrança. Onde uma roupa, um celular ou até a ausência deles pode ser motivo de exclusão. Onde quem não segue padrões impostos é jogado pra fora do círculo social. Soma isso ao racismo, à homofobia, à xenofobia e ao bullying. É pressão de todos os lados.

Por isso, se esse país fosse minimamente sério, psicólogas e psicólogos estariam presentes em todas as escolas, principalmente no ensino médio. Educação não é só nota em matemática ou português. Educação também é aprender a lidar com as emoções, com o outro e com a própria dor.

A terapia como resistência

A terapia não é mágica, não é um botão que você aperta e pronto. É um processo. Dói, mexe em ferida, exige entrega. Mas também é libertador. Cada sessão vai aliviando o peso, vai ajudando a se preservar de situações desnecessárias, vai fortalecendo o corpo e, principalmente, a mente. É como se você fosse ganhando armaduras invisíveis contra os absurdos do mundo. Você aprende a enxergar sinais antes de estar no fundo do poço. Aprende a se ouvir, a se respeitar, a se amar.

E isso, no mundo em que vivemos, é um ato revolucionário. Porque um povo forte mentalmente é um povo mais difícil de manipular.

Agradecimento

Por tudo isso, fica aqui nossa homenagem a todas as psicólogas e psicólogos. Aos que estão nos consultórios, nas escolas, nos postos de saúde, nos projetos sociais, nas quebradas, nos hospitais, nas lutas diárias. Vocês são, sem exagero, linha de frente de um mundo mais justo.

Se hoje muita gente ainda consegue levantar da cama, encarar um ônibus lotado, segurar a barra de trabalhar 10 horas e ainda ter forças pra sonhar, é porque encontrou alguém do outro lado disposto a ouvir sem julgamento, a orientar, a fortalecer.

Que nunca faltem psicólogas e psicólogos. E que nunca falte em nós a coragem de procurar ajuda.

Porque cuidar da mente é tão, ou mais, importante quanto cuidar do corpo.
E, nesse corre insano que é viver no Brasil, terapia pra favelado é sobrevivência.