Mais que um Papel: A Saudade da Nossa Banca de Jornal
Uma viagem no tempo para a época em que a notícia tinha cheiro de tinta e o dedo amassava o papel. Um texto sobre a saudade do jornal, do pôster na parede e da nossa primeira rede social: a banca da esquina.
Favelado Pensante
6/27/20252 min read
E aí, pessoal. Firmeza?
Hoje é um dia importante. O primeiro dia deste nosso espaço, um blog que eu tô começando com a ideia de trocar uma ideia reta, falar da nossa vida, da nossa caminhada. E é curioso como as coisas acontecem. Justamente hoje, na frente da tela do computador, pronto pra escrever o futuro, me bateu uma saudade imensa do passado: a saudade de um jornal impresso.
Pode parecer uma brisa pra molecada mais nova, mas quem viveu, sabe. Falo daquela sensação de acordar cedo e, junto com o pão quente, trazer o jornal pra dentro de casa. Falo do cheiro. Aquele cheiro de tinta fresca que grudava na mão, a textura daquele papel que não era liso, tinha presença, tinha peso, tinha alma, tinha vida.
Hoje, a gente tem as notícias no segundo em que acontecem, na palma da mão. É prático, ajuda muito. Mas ir até a banca de jornal era um evento. Era um lugar de encontro. Você via os vizinhos, trocava umas palavras com o dono da banca, que muitas vezes já era um parceiro, conhecia história do time, política, cultura, tudo no mesmo lugar. Era um pedaço da nossa rotina, da nossa comunidade.
Pra mim, a missão era certa: comprar o jornal Lance!. Era o nosso Google, o nosso YouTube. Era ali, naquelas páginas, que a gente sabia tudo sobre a rodada do fim de semana. A gente não via só os resultados. A gente via a foto exata do gol, lia a crônica do jogo que arrepiava, discutia as notas que davam pros jogadores.
E, claro, tinha o tesouro. O pôster.
Ah, o pôster era a coroa. Aquela foto do time campeão ou do herói do clássico não era só uma folha de papel. Era uma relíquia. A gente tirava com o maior cuidado do meio do jornal, arrumava uma moldura simples e transformava em quadro. A parede do nosso quarto contava a nossa história e as nossas glórias através daqueles pôsteres. Era o nosso troféu exposto pra todo mundo ver.
Hoje, a tecnologia nos dá o replay, o vídeo em alta definição, o ângulo perfeito. E isso é bom, a vida segue em frente. Mas a sensação de conquistar aquela imagem, de ter ela nas mãos, de sentir o papel... isso era diferente. Tinha outro peso, outro valor.
Respeito máximo a quem lembra disso, aos mais velhos que colavam na banca e também pros mais novos que tão lendo aqui e nem sabem qual é a fita. Porque jornal não era só papel, era cultura de rua, era parte da vida da favela.
Enfim, esse blog tá nascendo hoje com esse sentimento. Um lugar pra gente lembrar de onde veio, pra valorizar as nossas memórias e construir novas histórias. Um espaço nosso, da quebrada, pra falar do que importa.
Sintam-se em casa. E agora eu quero saber de vocês: qual é a saudade que, do nada, aperta o peito aí?
Tamo junto.
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