Quem deu autoestima pros idiotas?

Descrição do posUma crônica afiada sobre a era dos idiotas com autoestima: políticos mimados, coaches tóxicos, terraplanistas e a avalanche de ignorância que a internet transformou em moda. Mais que crítica, é um convite à reflexão: por que estamos repetindo esse discurso nas quebradas? Como parar de ser massa de manobra e voltar a pensar por conta própria?t.

BLOGDIA A DIACRONICA

FAVELADO PENSANTE

7/25/20253 min read

Quem deu autoestima pros idiotas?

Me diz uma coisa: quem foi que deu autoestima pra essa legião de idiotas que hoje anda de peito estufado, gritando em caps lock na internet e saindo por aí achando que virou referência?

E não é só aquele idiota clássico, do tipo folclórico que a gente já conhecia, não. É um exército de gente com câmera, celular na mão e coragem pra falar merda — porque a ignorância, quando acha plateia, vira coragem. E quando o algoritmo joga luz, vira celebridade.

Tô falando do Nikolas Ferreira, aquele muleke mimado, ainda deputado, campeão da lacração tosca, que acorda todo dia com a missão de diminuir mulher e atacar qualquer tipo de minoria. Aquele mesmo que fez a bizarrice de por uma peruca, dizendo ser mulher, diminuindo uma mulher por apenas um cabelo, e ainda foi no Dia Internacional da Mulher ironizando a luta das mina, e achou engraçado. Esse é o representante de quem?

Tô falando também do Thiago Schutz, o “Calvo do Campari”, um cara que construiu um império de seguidores ensinando marmanjo a odiar mulher. Esse sujeito fala que não toma cerveja com mulher porque “quer ver se ela tenta mudar você”. Meu parceiro, o único que quer mudar alguém é ele, na verdade ele precisa ser mudado urgentemente — ele consegue mudar homem em idiota funcional do machismo. E quando foi criticado, ameaçou a atriz Lívia La Gatto com processo ou bala. Olha o nível do idiota.

E esses são só dois exemplos. Mas você sabe: tem coach de masculinidade tóxica, tem terraplanista, tem conspiracionista antivacina, tem político defendendo ditadura que não aguenta ouvir um “vai se foder” sem correr pra justiça. Uns valentões de papel.

Agora segura essa pergunta:
como essa galera chegou na quebrada?

A quebrada tá virando repetidor de idiota?

É isso que me assusta. Porque antes, o idiota ficava na rodinha dele. Hoje, ele tá no seu grupo de WhatsApp, tá no baile, tá no corre, tá no churrasco da laje. Tá no moleque que começa a repetir “mulher não presta”, “feminismo é mimimi”, “terra é plana” sem nem saber de onde veio essa merda.

É perigoso demais quando a favela, que sempre foi inteligência coletiva, resistência criativa, começa a engolir discurso enlatado de coach. E não é só discurso de ódio — é discurso de submissão. É discurso que diz pra gente que questionar é coisa de esquerdista vagabundo, que acreditar em ciência é ser manipulado, que cultura é frescura.

E quando você vê, a quebrada tá gastando mais tempo decorando frase de macho alfa de TikTok do que estudando como sair do buraco econômico que essa mesma elite, que esses mesmos idiotas, ajudaram a cavar.

Por que isso cola?

Porque eles são bons de marketing. Sabem falar simples, sabem prometer poder pra quem sempre se sentiu invisível. O idiota chegou com um pacote pronto: “Quer respeito? Seja escroto. Quer ser ouvido? Grita mentira com convicção”. E a internet deu palco. O algoritmo entendeu que polêmica dá clique, e clique dá dinheiro.

E no meio disso, nós? A favela?
Nós viramos consumidor de ódio terceirizado.

E aqui, entre nós, na moral: o problema não é ter opinião diferente. O problema é não pensar. É sair reproduzindo tudo como papagaio digital.

Esse espaço aqui fala, mas quer ouvir também

O Favelado Pensante existe pra cutucar, não pra mandar cartilha. Eu não quero que você leia isso e saia gritando no portão da sua casa que “o fulano é um verme”. Eu quero que você pense. Que pergunte:

  • O que esse cara tá falando faz sentido pra minha quebrada?

  • Isso tá acontecendo na minha rua? Na minha casa?

  • Se eu acreditar nisso, quem vai ganhar e quem vai perder?

Porque, parceiro, se a gente não parar pra pensar, a favela vira massa de manobra de gente que nunca botou o pé no nosso barro, na nossa lama, no nosso campinho.

Bora prosear

Tem dúvida? Cola aqui nos comentários. Quer questionar? Questiona. Discorda? Manda ver. Esse espaço é pra isso: pra gente se ouvir, se questionar, se fortalecer.

Porque se tem uma coisa que a favela sabe fazer é virar jogo. E agora é hora de virar o jogo desses idiotas. De envergonhar essa proliferação de idiotas que se acham gênios porque aprenderam a falar bonito no Reels.

Quem deu autoestima pros idiotas? A internet. Mas quem vai tirar essa marra? É nóis, Pensando e Juntos.